A chegada às telas da maior emissora do País foi por etapas, que envolve o trabalho de construção de um grupo que começou brincando e virou referência em criatividade, profissionalismo e carrega estilo próprio demonstrado a cada nova montagem.
Na abertura do Festival de Teatro
de Curitiba, um dos maiores do país, em 2012, o espetáculo “Sua Incelença,
Ricardo III”, do Clowns, dirigido por Gabriel Villela, dois olheiros da Rede
Globo estavam na plateia para observar a desenvoltura dos atores no palco. Dias
depois, um deles liga e diz que gostaria de fazer o cadastro de alguns dos
membros, entre eles César Ferrário, Titina Medeiros, Marcos França e Renata
Kaiser. No telefonema, perguntou se tinham previsão de ir ao Rio de Janeiro.
“A princípio, achei um discurso
furado. Não dei bola, mas dois ou três dias depois, ele ligou de novo. Então eu
disse que assim que fôssemos eu passaria lá no Projac, mas a até aquele momento
não tínhamos nada programado. Depois disso, de dois em dois meses ele entrava
em contato, como se fosse o método de trabalho. Em um determinado momento, a
gente estaria pelo Rio e nós marcamos”, lembra César. Na oportunidade, ele
gravou uma cena pra o cadastro e preenchimento de ficha. Logo depois, Bruna
Bueno, responsável por elencos da emissora, estava fechando o elenco de uma
novela (ela também estava no Festival de Curitiba) e pediu que os quatro fossem
até a sua sala.
“Quando voltamos, ela entrou em
contato e disse que Titina estava muito bem cotada para um papel, que se tornou
realidade (Socorro, da novela Cheias de Charme, que rendeu o troféu de atriz
revelação nos Melhores do Ano do Domingão do Faustão). Ela também falou sobre
outro papel curto que achava que daria certo para o meu biotipo, que era o
caminhoneiro Movan. Eu não poderia ir, pois tinha uma viagem marcada de férias
com a minha família para o Chile. Então, naquele momento a história morreu. Um
mês depois, soube que as datas da gravação mudaram e foi possível encaixar”.
Para gravar, ele e Titina
viajaram ao Piauí juntos para as primeiras cenas do folhetim, o que os deixou
mais seguros. Até aquele instante a equipe da emissora ainda não sabia da
relação dos dois. O caminhoneiro, que de acordo com os planos iniciais passaria
apenas seis dias, agradou ao público e decidiram que ele poderia voltar. A
situação aconteceu de maneira natural e estar na maior emissora do Brasil não
deslumbrou o casal, como acontece com a maioria. Tudo porque como atores de
teatro eles passaram por grandes acontecimentos e sensações. Grandes ápices. A
Globo foi mais um muito importante, porém, longe de ser o único.
Depois do Festival de Curitiba, o
Clowns foi convidado para o maior festival teatral da América Latina, no Chile,
que abrange várias cidades e mobiliza a capital. Para participar, o grupo
traduziu o espetáculo inteiro em castelhano, o Ricardo III. Ousados, chegaram a
dez apresentações em outra língua. “A história fala sobre um tirano, um
ditador, e nós apresentamos em um museu de direitos humanos, que fala sobre a
ditadura chilena, em um lugar emblemático e, o outro, em frente à sede da
presidência chilena, onde Salvador Allende morreu bombardeado pelo exército de
Pinochet. Era uma plateia gigante”, recorda César com entusiasmo.
Em um curto espaço de tempo,
quando viajou para o trabalho no Piauí, a vivência na experiência arrebatadora
o deixou mais seguro e confiante. “Então, quando chegamos era difícil algo
impressionar ainda mais. Isso foi muito bom, não por algo arrogante, mas porque
eliminou qualquer deslumbramento que pudéssemos ter, de hipervalorização ou
qualquer coisa que pudesse nos oprimir. A gente ficou muito à vontade, muito
preenchido”, explica o ator.
FONTE – REVISTA BZZ
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