terça-feira, 14 de março de 2023

ENTRE ÁPICES, A GLOBO

 



A chegada às telas da maior emissora do País foi por etapas, que envolve o trabalho de construção de um grupo que começou brincando e virou referência em criatividade, profissionalismo e carrega estilo próprio demonstrado a cada nova montagem.

Na abertura do Festival de Teatro de Curitiba, um dos maiores do país, em 2012, o espetáculo “Sua Incelença, Ricardo III”, do Clowns, dirigido por Gabriel Villela, dois olheiros da Rede Globo estavam na plateia para observar a desenvoltura dos atores no palco. Dias depois, um deles liga e diz que gostaria de fazer o cadastro de alguns dos membros, entre eles César Ferrário, Titina Medeiros, Marcos França e Renata Kaiser. No telefonema, perguntou se tinham previsão de ir ao Rio de Janeiro.

“A princípio, achei um discurso furado. Não dei bola, mas dois ou três dias depois, ele ligou de novo. Então eu disse que assim que fôssemos eu passaria lá no Projac, mas a até aquele momento não tínhamos nada programado. Depois disso, de dois em dois meses ele entrava em contato, como se fosse o método de trabalho. Em um determinado momento, a gente estaria pelo Rio e nós marcamos”, lembra César. Na oportunidade, ele gravou uma cena pra o cadastro e preenchimento de ficha. Logo depois, Bruna Bueno, responsável por elencos da emissora, estava fechando o elenco de uma novela (ela também estava no Festival de Curitiba) e pediu que os quatro fossem até a sua sala.

“Quando voltamos, ela entrou em contato e disse que Titina estava muito bem cotada para um papel, que se tornou realidade (Socorro, da novela Cheias de Charme, que rendeu o troféu de atriz revelação nos Melhores do Ano do Domingão do Faustão). Ela também falou sobre outro papel curto que achava que daria certo para o meu biotipo, que era o caminhoneiro Movan. Eu não poderia ir, pois tinha uma viagem marcada de férias com a minha família para o Chile. Então, naquele momento a história morreu. Um mês depois, soube que as datas da gravação mudaram e foi possível encaixar”.

Para gravar, ele e Titina viajaram ao Piauí juntos para as primeiras cenas do folhetim, o que os deixou mais seguros. Até aquele instante a equipe da emissora ainda não sabia da relação dos dois. O caminhoneiro, que de acordo com os planos iniciais passaria apenas seis dias, agradou ao público e decidiram que ele poderia voltar. A situação aconteceu de maneira natural e estar na maior emissora do Brasil não deslumbrou o casal, como acontece com a maioria. Tudo porque como atores de teatro eles passaram por grandes acontecimentos e sensações. Grandes ápices. A Globo foi mais um muito importante, porém, longe de ser o único.

Depois do Festival de Curitiba, o Clowns foi convidado para o maior festival teatral da América Latina, no Chile, que abrange várias cidades e mobiliza a capital. Para participar, o grupo traduziu o espetáculo inteiro em castelhano, o Ricardo III. Ousados, chegaram a dez apresentações em outra língua. “A história fala sobre um tirano, um ditador, e nós apresentamos em um museu de direitos humanos, que fala sobre a ditadura chilena, em um lugar emblemático e, o outro, em frente à sede da presidência chilena, onde Salvador Allende morreu bombardeado pelo exército de Pinochet. Era uma plateia gigante”, recorda César com entusiasmo.

Em um curto espaço de tempo, quando viajou para o trabalho no Piauí, a vivência na experiência arrebatadora o deixou mais seguro e confiante. “Então, quando chegamos era difícil algo impressionar ainda mais. Isso foi muito bom, não por algo arrogante, mas porque eliminou qualquer deslumbramento que pudéssemos ter, de hipervalorização ou qualquer coisa que pudesse nos oprimir. A gente ficou muito à vontade, muito preenchido”, explica o ator.

FONTE – REVISTA BZZ

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